Compulsão Sexual
- tirandoacalcajeans
- 25 de mai. de 2019
- 3 min de leitura

A Organização Mundial da Saúde vai incluir o “comportamento sexual compulsivo” como um transtorno mental na categoria “desordens de controle de impulsos” para a nova edição do manual de Classificação Internacional de Doenças (CID-11), que deve entrar em vigor em 2022.
O documento foi publicado em 2018 e descreve o problema como “um padrão persistente de falha no controle de impulsos sexuais repetitivos e intensos, resultando em comportamento sexual repetitivo” que se estende por um período igual ou maior há seis meses. Sendo que ele afeta em torno de um a 6% da população ocidental e é mais frequente em homens.
Até o momento não foi considerado nem transtorno nem vicio, um intenso debate sobre o tema está em aberto alguns especialistas questionam se o sexo, assim como jogos e compras, podem realmente ser “viciantes” sem um amparo químico como o que existe no álcool e outras drogas e outros defendem que se trata de algo que altera o cérebro e deve, portanto, ser tratado como qualquer outro vício.
O que se sabe até o momento é que tudo o que gera prazer é suscetível a criar um comportamento compulsivo e viciante, e sim existem pessoas com mais libido que outras, então a questão é como identificar?
O individuo com compulsão sexual age em busca da satisfação sexual, mesmo que isso o prejudique em suas tarefas cotidianas, em suas relações familiares e responsabilidades profissionais. Em casos extremos, a própria vida do sujeito é colocada em risco, quando ele não consegue mais evitar relações sexuais com parceiros anônimos, praticada sem nenhuma cautela e proteção contra doenças sexualmente transmissíveis. Numerosas relações sexuais por dia, jogos sadomasoquistas, trocas sucessivas de parceiros em pouco espaço de tempo e fetichismo exacerbado são atividades que podem ser exercidas pelo sujeito sem que ele se sinta escravizado ou adoecido, não constituindo necessariamente um quadro patológico. A patologia se apresenta quando esses comportamentos estão associados a impulsos incontroláveis, ocupando quase a totalidade dos pensamentos do indivíduo, passando a determinar o seu modo de vida social, profissional ou familiar.
Além disso, ocorre uma maior insistência por sexo com seu(sua) parceiro(a) ou se masturba com mais frequência além disso, dedica mais tempo ou dinheiro à pornografia, começa a negligenciar suas tarefas em casa, tranca-se em um cômodo e deixar de brincar com os filhos ou a jantar com a família, chega sempre atrasado no trabalho ou assisti pornografia no escritório,gasta todo o dinheiro em prostituição e abandona completamente suas obrigações.
A importância de reconhecer este problema como um "transtorno de saúde” é a possibilidade de que aqueles que deixaram de desfrutar do sexo e passaram a sofrer com ele peçam ajuda.
O tratamento segundo o médico Marco Scanavino, coordenador do Ambulatório de Impulso Sexual Excessivo do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP consiste em medicamentos antidepressivos inibidores de serotonina. São utilizados esses compostos, pois, segundo o médico, cerca de 70% dos pacientes viciados em sexo também apresentam ansiedade e depressão, sendo ambos os quadros tratados. Porém, para que a resposta das pessoas seja melhor, a psicoterapia precisa estar envolvida no tratamento. Além disso, o médico garante que o tratamento tem resultados positivos e conta que, nos últimos anos, a procura por ajuda se intensificou, com chances de aumentar ainda mais depois da inclusão pela OMS.
Referências:
NETTO, Ney Klier Padilha; CARDOSO, Marta Rezende. Colapso de Eros nas adicções sexuais. tempo psicanalítico, Rio de Janeiro, v. 45.1, p. 383-400, 2013.
Disponível em:
Acesso em: 25 de maio de 2019.
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